quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

SÉRIE: AVES SILVESTRES DO RS - parte I

As aves do Rio Grande do Sul são portadoras de uma beleza ímpar. Mais de 570 espécies já foram registradas aqui, somando mais de um terço de todas as espécies conhecidas no país.
A maioria dessas espécies é encontrada apenas em algumas regiões e outras podem ser vistas somente em certas épocas do ano.
As aves têm muito mais importância do que usualmente lhes é atribuída. Umas poucas espécies são pragas para os agricultores, mas outras são acusadas de causarem danos, os quais são exagerados.
A maior importância das aves é o estímulo espiritual e intelectual que elas oferecem ao homem. De toda fauna silvestre, são elas que oferecem a melhor combinação de beleza, hábitos interessantes e de fácil observação. Sua plumagem colorida é lendária e mesmo as espécies mais toscas, quando vistas de perto, provarão ter pequenos detalhes com tal delicadeza, esmero e precisão que ninguém poderá deixar de admirar o fino trabalho da Natureza. O canto das aves tem a mesma força para excitar a alma humana como qualquer outra música seleta; e é muito mais provável que incite o ouvinte a especular sobre as origens deste fenômeno.
Observar as aves é um passatempo ativo ao ar livre, e leva automaticamente a uma compreensão mais profunda e a uma avaliação maior de todos os aspectos da Natureza.

Vou começar falando das corujas, que são aves que me identifico muito, por terem hábitos noturnos.

CORUJAS
Famílias: Tytonidae e Strigidae

Esse grupo e formado por aproximadamente 130 espécies em todo o mundo. Pelo fato de terem hábitos noturnos e por terem vozes estranhas e fantásticas, as corujas não são muito conhecidas e, às vezes, são tidas como prenúncio de má sorte. Ao contrário disso, elas são muito úteis ao homem, graças à predação sobre pequenos roedores e outras pragas. As 13 espécies de corujas encontradas no Rio Grande do Sul variam grandemente de tamanho: dos 16 cm da minúscula caburé, Glaucidium brasilianum, aos mais de 50 cm do jacurutu, Bubo viginianus.
As corujas possuem visão e audição extremamente agudas (neste ponto realmente não me identifico com elas), o que lhes permite caçar com sucesso no escuro. Suas aberturas auriculares, escondidas debaixo das penas, são extraordinariamente grandes e formadas distintamente em cada lado, presumivelmente para garantir melhor efeito estereofônico. Seus olhos são encaixados em tubos ósseos e não podem ser movidos. Para compensar isso, o pescoço é extremamente flexível, permitindo que a cabeça vire cm grande rapidez, quase uma meia-volta em cada direção, à partir da posição normal. As corujas engolem o alimento inteiro e regurgitam pelotas que contêm ossos, pêlos e penas indigestas. Isto permite aos cientistas fazerem estudos bastante detalhados de seus hábitos alimentares, proporcionando valiosas informações sobre as populações das presas.

Corujinha-do-mato (Otus choliba)
(22 cm)

Coruja pequena, encontrada em muitas partes do Estado, embora seja menos comum nas partes florestadas da metade norte. Sua voz pode ser ouvia, às vezes, depois do pôr-do-sol: um garganteio rápido de gritinhos monótonos, seguidos de duas notas ascendentes e aceleradas. Alimenta-se principalmente de insetos.
A plumagem das costas e cabeça é marrom, a parte de baixo do corpo é branca com desenho preto complicado em cada peninha.




Coruja-do-campo (Speotyto cunicularia)
(24 cm)

Provavelmente seja a coruja mais conhecida no Estado, não apenas porque é encontrada em qualquer parte e em qualquer estação do ano, mas também devido ao fato dela ser ativa durante o dia, enquanto quase todos os outros membros da família são ativos à noite.
Habita quase que exclusivamente campos abertos, e é vista facilmente quando pousada nos postes de cerca, de luz ou nos montículos de terra em frente à sua toca. Ela se aninha e dorme em buracos no chão, geralmente escolhendo os feitos e abandonados por outros animais, como os tatus. Para uma coruja, ela tem as pernas muito compridas, característica das aves terrestres. Sua plumagem é geralmente marrom, manchada e riscada de branco. Os olhos são de cor amarela intensa. Sua voz, freqüentemente ouvida, é uma série de gritos roucos e agudos. Ela também tem um canto suave e atrativo, de três notas, que profere à noite.

Imagens:
http://www.avespampa.com.ar/Alilicucu_Comun1.jpg
http://media-2.web.britannica.com/eb-media/01/7001-004-94E819C3.jpg

Fonte:
BELTON, W. Aves Silvestres do Rio Grande do Sul, 3 ed. Porto Alegre, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 1993. 172 p., 105 il.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SÉRIE FELINOS - parte final

Lince Europeu (Felis lynx)
(1 m, até 38 kg)

Apesar de não ser considerado felino de grande porte, hoje falarei de uma espécie muito bonita, conhecida popularmente por lince. A princípio será a última postagem sobre a família dos felinos, a menos que alguém sugira mais alguma espécie. A idéia agora é começar a falar sobre as aves silvestres do Rio Grande do Sul, que são portadoras de uma beleza sem igual. Quem curte ornitologia vai gostar dessa série.

Bem, quem nunca ouviu a expressão “olhos de lince”, quando alguém se refere a visão excepcional de outra pessoa? Pois é, muita gente atribui essa expressão ao lince, mas na verdade nada tem a ver com ele.
A expressão é originária de Linceu, um herói da mitologia grega. Linceu era piloto branco onde viajavam os Argonautas em busca do Tosão de Ouro. Segundo a lenda, Linceu tinha uma visão formidável. No lince, porém, o sentido mais desenvolvido é a audição.

O lince foi abundante na Europa. Mas matava tantos carneiros que foi caçado quase até a extinção. Na América existem o lince canadense e o lince vermelho dos Estados Unidos e México.
O lince parece um grande gato de cor de ferrugem, com tufos de pêlos nas orelhas e na cauda curta, escondido entre os rochedos ou atrás de troncos, ele espreita suas vítimas: pequenos animais, perus selvagens e lebres. E salta sobre elas de surpresa, mordendo-as na espinha. Come somente carne fresca e abandona o que não podo comer. Os filhotes nascem entre fevereiro e junho, em cavernas ou grutas.
Enquanto são pequenos, não se afastam mais de 2 Km da sua toca. Caçam acompanhados pela sua mãe, depois dos três meses de idade. Geralmente a fêmea volta à mesma caverna para dar à luz outra ninhada.


Imagens:
http://farm4.static.flickr.com/3242/2592571484_180f274cdc.jpg?v=0
http://iguinho.ig.com.br/canalnatureza/images/selvagens/mamiferos/lince01.jpg

Fonte: http://www.saudeanimal.com.br/lince.htm

SÉRIE IMORTAIS - Vinícius de Moraes - poesia (parte II)

A vida vivida
Vinícius de Moraes

"Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho
Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia
Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro da noite imóvel
E cujas presas remontam ao mais triste fundo da terra?

De que venho senão da eterna caminhada de uma sombra
Que se destrói à presença das fortes claridades
Mas em cujo rastro indelével repousa a face do mistério
E cuja forma é prodigiosa treva informe?

Que destino é o meu senão o de assistir ao meu Destino
Rio que sou em busca do mar que me apavora
Alma que sou clamando o desfalecimento
Carne que sou no âmago inútil da prece?

O que é a mulher em mim senão o Túmulo
O branco marco da minha rota peregrina
Aquela em cujos braços vou caminhando para a morte
Mas em cujos braços somente tenho vida?

O que é o meu amor, ai de mim! senão a luz impossível
Senão a estrela parada num oceano de melancolia
O que me diz ele senão que é vã toda a palavra
Que não repousa no seio trágico do abismo?

O que é o meu Amor? Se não o meu desejo iluminado
O meu infinito desejo de ser o que sou acima de mim mesmo
O meu eterno partir da minha vontade enorme de ficar
Peregrino, peregrino de um instante, peregrino de todos os instantes?

A quem respondo senão a ecos, a soluços, a lamentos
De vozes que morrem no fundo do meu prazer ou do meu tédio
A quem falo senão a multidões de símbolos errantes
Cuja tragédia efêmera nenhum espírito imagina?

Qual é o meu ideal senão fazer do céu poderoso a Língua
Da nuvem a Palavra imortal cheia de segredo
E do fundo do inferno delirantemente proclamá-los
Em Poesia que se derrame como sol ou como chuva?

O que é o meu ideal senão o Supremo Impossível
Aquele que é, só ele, o meu cuidado e o meu anelo
O que é ele em mim senão o meu desejo de encontrá-lo
E o encontrando, o meu medo de não o reconhecer?

O que sou eu senão ele, o Deus em sofrimento
O temor imperceptível na voz portentosa do vento
O bater invisível de um coração no descampado...
O que sou eu senão Eu Mesmo em face de mim?"

Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"

Soneto da fidelidade
Vinícius de Moraes

"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

A rosa de Hiroxima
Vinícius de Moraes

"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada."

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

SÉRIE IMORTAIS - Vinícius de Moraes - músicas (parte II)

Atendendo a solicitação da Ana Edinger, minha grande amiga e leitora do blog (posso considerá-la colaboradora do blog também, já que é mentora da idéia de falar desse gênio que foi Vinícius de Moraes), hoje postarei a letra e música "Onde Anda Você", Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes / Hermano Silva.

Onde Anda Você
Vinícius de Moraes
Composição: Toquinho / Vinícius de Moraes / Hermano Silva


E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo
Que me deixou louco de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia na noite dos bares de então
Onde a gente ficava, onde a gente se amava
Em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia
Numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que apesar dos pesares,
Me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver,
Você bem que podia me aparecer
Nesses mesmos lugares, na noite, nos bares
Aonde anda você?

Imagens do vídeo:

http://i3.photobucket.com/albums/y66/Marota/saudade.jpg
http://mariza-brasil.zip.net/images/saudade.jpg
http://cache02.stormap.sapo.pt/fotostore01/fotos//06/bf/43/1860217_8uNwQ.jpeg
http://blogaodojoao.files.wordpress.com/2007/10/saudade.jpg
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http://www.badaueonline.com.br/dados/imagens/olhos(1).jpg
http://sitedepoesias.com.br/imagens/poemas/30255.jpg

sábado, 24 de janeiro de 2009

SÉRIE IMORTAIS: VINÍCIUS DE MORAES - músicas (parte I)

Além de grande poeta, Vinícius de Moraes era também compositor e intérprete. No campo da música, tinha parceria com grandes músicos brasileiros, e a parceria mais conhecida era com Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim).

Um dos grandes clássicos dessa dupla é "Eu Sei que Vou te Amar". Aprecie agora letra e música (interpretada por Maysa). A letra é belíssima e profunda e toca o coração!!!

Eu Sei Que Vou te Amar
Tom Jobim
Composição: Tom Jobim / Vinícius de Moraes


"Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida "


Imagens do vídeo:

http://www.calerdoses.blogger.com.br/Despedida....jpg
http://caronas2.zip.net/despedida.jpg
http://noreset.files.wordpress.com/2008/03/adeus.jpg
http://schlange.files.wordpress.com/2007/09/adeus.jpg
http://ceuestrelado.blogs.sapo.pt/arquivo/chuva.JPG
http://www.recanto.poetico.nom.br/rose/adeus/adeus_imagem.jpg
http://i45.photobucket.com/albums/f77/Deusario/adeus.jpg

SÉRIE FELINOS DE GRANDE PORTE - parte III

Continuando a série FELINOS DE GRANDE PORTE, hoje será publicado material sobre duas espécies de leopardos, também conhecidos como "pantera".


Leopardo-das-Neves (Uncia uncia)
(1,30 m – 35 a 55 kg)


Apresenta pele macia e espessa, de pêlos longos e sedosos, com uma lanugem na base. As manchas são de cores delicadas. Imagine quantos animais devem ser sacrificados para cada casaco de pele! Costuma-se pensar que quatro seriam suficientes, mas não é assim. Para obterem-se quatro couros sem cicatrizes e cujas manchas combinem em forma e em cor, dezenas de animais devem ser mortos. A moda é inimiga do leopardo. A existência da espécie está ameaçada e sua caça foi restringida, embora ainda continue. Nos Estados Unidos a importação de casacos feitos com peles de grandes felinos é ilegal.
O leopardo-das-neves leva uma vantagem sobre os demais leopardos: seu habitat é de difícil acesso. Ele vive em grandes altitudes, entre 3.000 e 6.000 metros, no Himalaia e nas montanhas do norte da China.Seus hábitos são os mesmos dos demais leopardos, mas ele usa sua pelagem para camufla-se na neve. Deita-se sobre um rochedo ou ramo baixo à espera da presa e salta sobre ela quando ela passa.
Vive na Ásia central, Tibet, algumas partes da China, Rússia e partes do Tian Shan. Devido a vasta extensão em que se encontra, o leopardo-das-neves possui vários habitats, sendo encontrado em terrenos áridos e semi-áridos, savanas, estepes, em montanhas, florestas de coníferas e florestas densas. Apesar da diversidade de habitat, é encontrado geralmente em elevações entre 3.000 e 4.500 m, às vezes acima de 5.500 m no Himalaia.
Alimenta-se de aves, roedores e pequenos mamíferos que abate com agilidade. Dentre os animais mais comuns em seu cardápio encontram-se a marmota, o carneiro-selvagem e a lebre.
O leopardo-das-neves exibe uma maravilhosa camuflagem para o ambiente da montanha de rochas nuas e neve, sendo a cor de sua pele branco-acinzentado (com uma leve tonalidade amarelada) salpicada com rosetas e pontos cinza escuro. Também apresenta adaptações para a vida em altas altitudes incluindo uma cavidade nasal larga, membros curtos.

Leopardo-Nebuloso (Neofelis nebulosa)
(1m + 90 cm de cauda – 16 a 23 kg)
Apresenta pelagem bronzeada ou marrom-clara e distintamente marcada com grandes elipses irregulares, de bordas escuras, das quais se diz terem formato de nebulosas, daí tanto seu nome vulgar quanto científico.Vive nas florestas do Nepal, Malásia, China, Bornéu e Sumatra. Embora sua área de ocorrência seja bastante extensa para os padrões atuais, é uma espécie que tende a desaparecer, devido principalmente à destruição de seu habitat. Período de gestação: 90 dias; entre 2 a 4 filhotes por ninhada.
Em 2 semanas os filhotes estão ativos; ficam adultos em 9 meses.
O nome da pantera nebulosa (leopardo-nebuloso) vem em parte de suas manchas, mas pode também provir do mistério que envolve a vida e os hábitos desse animal. Pouco se conhece sobre ele. Para vê-lo em liberdade, só indo ao Sudeste Asiático; ele só vive ali e em nenhum outro lugar. É encontrado nas selvas e planícies, desde os pântanos do Nepal e do Sikkin, no sudeste da China, Hainan, Formosa e as ilhas do Bornéu, Sumatra e Java.
A pantera nebulosa é um animal noturno. Dorme durante o dia, estirada sobre um galho de árvore, onde passa a maior parte do tempo. À noite, caça passarinhos e pequenos mamíferos; ataca também veados e javalis, saltando sobre eles, e prontamente leva seu alimento para cima das árvores. Os filhotes nascem geralmente num oco de árvore, com os olhos fechados, abrindo por volta de 10º dia. A pantera nebulosa é um animal raro e teme-se por sua extinção, devido à caça.
Fontes:
http://assets.wwfindia.org/img/109125_1_14725.jpg
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/animais/leopardo-das-neves.php
http://www.animalpicturesarchive.com/ArchOLD/1088404859.jpg
http://www.saudeanimal.com.br/panteranebulosa.htm

Mário de Andrade

Assim como o amigo Vinícius de Moraes, Mário de Andrade também era poeta. É considerado representante fundamental do modernismo.

Nascido em 9 de outubro de 1893, em São Paulo. Morreu em em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa.
No ano de 1917 ocorrem quatro fatos importantes em sua vida:

* a morte de seu pai;
* a sua estréia literária: sob o pseudônimo de Mário Sobral é publicada a obra "Há uma Gota de Sangue em Cada Poema";
* a conclusão do curso de piano;
* o início da amizade com Oswald de Andrade.

Em 1920 já é integrante do grupo modernista de São Paulo.
Em 1921 está presente no lançamento do Modernismo no banquete do Trianon. Ainda nesse ano Oswald de Andrade publicou um artigo, no jornal do Comércio, no qual chamava Mário de Andrade de "meu poeta futurista". Isso se deu porque ele leu os originais de "Pauliceia Desvairada", livro que seria publicado no ano seguinte e representaria o primeiro livro de poemas modernistas brasileiro.
Mário de Andrade respondeu negando sua condição de poeta futurista da seguinte forma: "Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o. Tenho pontos de contatos com o Futurismo. Oswald de Andrade chamou-me de futurista, errou. A culpa é minha. Sabia da existência do artigo e deixei que saísse."
Essa atitude de Mário é muito fácil de ser explicada: Nessa época Marinetti, líder do movimento Futurista, aderiu ao Fascismo e essa idéia era repudiada pelos escritores brasileiros.
No ano de 1922, junto com Oswald de Andrade, participa ativamente da Semana de Arte Moderna de 1922. No segundo dia de espetáculos, durante o intervalo, em pé na escadaria, Mário de Andrade lê algumas páginas da obra "A Escrava que não é Isaura". O público, como já era esperado, reagiu com vaias. Ainda nesse ano publica Paulicéia Desvairada, cujo "Prefácio Interessantíssimo" lança as bases estéticas do Modernismo.
Em seu livro de estréia "Há uma gota de sangue em cada poema", feito sob o impacto da Primeira Guerra, Mário apresenta poucas novidades estilísticas. Mas isso já foi o suficiente para incomodar a crítica acadêmica. Sua poesia modernista só vem a tona no livro "Paulicéia Desvairada", inspirada na análise da cidade de São Paulo e seu provincianismo. Nessa obra o autor rompe definitivamente com todas as estruturas do passado.
Além de poesia, Mário de Andrade escreveu contos e romances. Os contos mais significativos acham-se em "Belazarte" e em "Contos novos". No primeiro, a escolha do assunto predominante (o proletariado em seu problemático dia-a-dia) mostra a preocupação do autor na denúncia das desigualdades sociais. No segundo, constituído de textos esparsos reunidos em uma publicação póstuma, estão os contos mais importantes como "Peru de Natal" e "Frederico Paciência".
Em seu primeiro romance, "Amar, verbo intransitivo", Mário desmascara a estrutura familiar paulistana. A história gira em torno de um rico industrial que contratou uma governanta (Fräulein) para ensinar alemão aos filhos. Na verdade, essa tarefa era apenas uma fachada para a verdadeira missão de Fräulein: a iniciação sexual de Carlos, filho mais velho do industrial.
Na obra "Macunaíma", classificada na primeira edição como uma "rapsódia" (1) temos, talvez, a criação máxima de Mário de Andrade. A partir da figura de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, temos o choque do índio amazônico com a tradição e a cultura européia. O romance pode ser assim resumido: Macunaíma nasce sem pai, na tribo dos índios Tapanhumas. Após a morte da mãe, ele e os irmãos (Maamape e Jinguê), partem em busca de aventuras. Macunaíma encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas, tribo de amazonas, faz dela sua mulher e torna-se Imperador do Mato-Virgem. Ci dá à luz um filho, mas ele morre e ela também, (Ci se transforma na estrela beta do Centauro). Logo em seguida, Macunaíma perde o amuleto (muiraquitã) que ela lhe dera. Sabendo que o amuleto está nas mãos de um mascate peruano que morava em São Paulo e que na verdade é Piaimã, o gigante antropófago, Macunaíma, acompanhado dos irmãos (Jiguê e Maanape), rumam ao seu encontro. Após inúmeras aventuras em sua caminhada, o herói recupera o amuleto, matando Piaimã. Em seguida, Macunaíma volta para o Amazonas e, após uma série de aventuras finais, sobe aos céus, transformando-se na constelação da Ursa Maior.

(1) rapsódia:
1. Cada um dos livros de Homero
2. P. ext. Trecho de uma composição poética.
3. Entre os gregos, fragmentos de poemas épicos cantados pelo rapsodo.
4. Mús. Fantasia instrumental que utiliza temas e processos de composição improvisada tirados de cantos tradicionais ou populares: Fonte: Dicionário Aurélio

Principais Obras

Poesia:

Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917);
Paulicéia Desvairada (1922);
Losango Cáqui (1926);
Clã do Jaboti (1927);
Remate de Males (1930);
Poesias (1941). Prosa:
Primeiro Andar (1926);
Amar, Verbo Intransitivo: idílio (1927);
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928);
Belazarte (1934);
Os Filhos da Candinha (1943);
Contos Novos (1947).

Ensaios:

A Escrava que não é Isaura (1925);
Ensaio sobre a Música Brasileira (1928);
O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935);
Namoros com a Medicina (1939);
O Baile das Quatro Artes (1943);
Aspectos da Literatura Brasileira (1943);
Padre Jesuíno de Monte Carmelo (1945);
O Empalhador de Passarinhos (1946).

Descobrimento
"Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu."


“Quando eu morrer quero ficar
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito,o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.”

O Peru de Natal (conto)
"O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de conseqüências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, de uma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.Morreu meu pai, sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais pra afastar aquela memória obstruente do morto, que parecia ter sistematizado pra sempre a obrigação de uma lembrança dolorosa em cada almoço, em cada gesto mínimo da família. Uma vez que eu sugerira à mamãe a idéia dela ir ver uma fita no cinema, o que resultou foram lágrimas. Onde se viu ir ao cinema, de luto pesado! A dor já estava sendo cultivada pelas aparências, e eu, que sempre gostara apenas regularmente de meu pai, mais por instinto de filho que por espontaneidade de amor, me via a ponto de aborrecer o bom do morto.Foi decerto por isto que me nasceu, esta sim, espontaneamente, a idéia de fazer uma das minhas chamadas "loucuras". Essa fora aliás, e desde muito cedo, a minha esplêndida conquista contra o ambiente familiar. Desde cedinho, desde os tempos de ginásio, em que arranjava regularmente uma reprovação todos os anos; desde o beijo às escondidas, numa prima, aos dez anos, descoberto por Tia Velha, uma detestável de tia; e principalmente desde as lições que dei ou recebi, não sei, de uma criada de parentes: eu consegui no reformatório do lar e na vasta parentagem, a fama conciliatória de "louco". "É doido, coitado!" falavam. Meus pais falavam com certa tristeza condescendente, o resto da parentagem buscando exemplo para os filhos e provavelmente com aquele prazer dos que se convencem de alguma superioridade. Não tinham doidos entre os filhos. Pois foi o que me salvou, essa fama. Fiz tudo o que a vida me apresentou e o meu ser exigia para se realizar com integridade. E me deixaram fazer tudo, porque eu era doido, coitado. Resultou disso uma existência sem complexos, de que não posso me queixar um nada.Era costume sempre, na família, a ceia de Natal. Ceia reles, já se imagina: ceia tipo meu pai, castanhas, figos, passas, depois da Missa do Galo. Empanturrados de amêndoas e nozes (quanto discutimos os três manos por causa dos quebra-nozes...), empanturrados de castanhas e monotonias, a gente se abraçava e ia pra cama. Foi lembrando isso que arrebentei com uma das minhas "loucuras":- Bom, no Natal, quero comer peru.Houve um desses espantos que ninguém não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, que morava conosco, advertiu que não podíamos convidar ninguém por causa do luto.- Mas quem falou de convidar ninguém! essa mania... Quando é que a gente já comeu peru em nossa vida! Peru aqui em casa é prato de festa, vem toda essa parentada do diabo...- Meu filho, não fale assim...- Pois falo, pronto!E descarreguei minha gelada indiferença pela nossa parentagem infinita, diz-que vinda de bandeirantes, que bem me importa! Era mesmo o momento pra desenvolver minha teoria de doido, coitado, não perdi a ocasião. Me deu de sopetão uma ternura imensa por mamãe e titia, minhas duas mães, três com minha irmã, as três mães que sempre me divinizaram a vida. Era sempre aquilo: vinha aniversário de alguém e só então faziam peru naquela casa. Peru era prato de festa: uma imundície de parentes já preparados pela tradição, invadiam a casa por causa do peru, das empadinhas e dos doces. Minhas três mães, três dias antes já não sabiam da vida senão trabalhar, trabalhar no preparo de doces e frios finíssimos de bem feitos, a parentagem devorava tudo e ainda levava embrulhinhos pros que não tinham podido vir. As minhas três mães mal podiam de exaustas. Do peru, só no enterro dos ossos, no dia seguinte, é que mamãe com titia ainda provavam num naco de perna, vago, escuro, perdido no arroz alvo. E isso mesmo era mamãe quem servia, catava tudo pro velho e pros filhos. Na verdade ninguém sabia de fato o que era peru em nossa casa, peru resto de festa.Não, não se convidava ninguém, era um peru pra nós, cinco pessoas. E havia de ser com duas farofas, a gorda com os miúdos, e a seca, douradinha, com bastante manteiga. Queria o papo recheado só com a farofa gorda, em que havíamos de ajuntar ameixa preta, nozes e um cálice de xerez, como aprendera na casa da Rose, muito minha companheira. Está claro que omiti onde aprendera a receita, mas todos desconfiaram. E ficaram logo naquele ar de incenso assoprado, se não seria tentação do Dianho aproveitar receita tão gostosa. E cerveja bem gelada, eu garantia quase gritando. É certo que com meus "gostos", já bastante afinados fora do lar, pensei primeiro num vinho bom, completamente francês. Mas a ternura por mamãe venceu o doido, mamãe adorava cerveja.Quando acabei meus projetos, notei bem, todos estavam felicíssimos, num desejo danado de fazer aquela loucura em que eu estourara. Bem que sabiam, era loucura sim, mas todos se faziam imaginar que eu sozinho é que estava desejando muito aquilo e havia jeito fácil de empurrarem pra cima de mim a... culpa de seus desejos enormes. Sorriam se entreolhando, tímidos como pombas desgarradas, até que minha irmã resolveu o consentimento geral:- É louco mesmo!...Comprou-se o peru, fez-se o peru, etc. E depois de uma Missa do Galo bem mal rezada, se deu o nosso mais maravilhoso Natal. Fora engraçado:assim que me lembrara de que finalmente ia fazer mamãe comer peru, não fizera outra coisa aqueles dias que pensar nela, sentir ternura por ela, amar minha velhinha adorada. E meus manos também, estavam no mesmo ritmo violento de amor, todos dominados pela felicidade nova que o peru vinha imprimindo na família. De modo que, ainda disfarçando as coisas, deixei muito sossegado que mamãe cortasse todo o peito do peru. Um momento aliás, ela parou, feito fatias um dos lados do peito da ave, não resistindo àquelas leis de economia que sempre a tinham entorpecido numa quase pobreza sem razão.- Não senhora, corte inteiro! Só eu como tudo isso!Era mentira. O amor familiar estava por tal forma incandescente em mim, que até era capaz de comer pouco, só-pra que os outros quatro comessem demais. E o diapasão dos outros era o mesmo. Aquele peru comido a sós, redescobria em cada um o que a quotidianidade abafara por completo, amor, paixão de mãe, paixão de filhos. Deus me perdoe mas estou pensando em Jesus... Naquela casa de burgueses bem modestos, estava se realizando um milagre digno do Natal de um Deus. O peito do peru ficou inteiramente reduzido a fatias amplas.- Eu que sirvo!"É louco, mesmo" pois por que havia de servir, se sempre mamãe servira naquela casa! Entre risos, os grandes pratos cheios foram passados pra mim e principiei uma distribuição heróica, enquanto mandava meu mano servir a cerveja. Tomei conta logo de um pedaço admirável da "casca", cheio de gordura e pus no prato. E depois vastas fatias brancas. A voz severizada de mamãe cortou o espaço angustiado com que todos aspiravam pela sua parte no peru:- Se lembre de seus manos, Juca!Quando que ela havia de imaginar, a pobre! que aquele era o prato dela, da Mãe, da minha amiga maltratada, que sabia da Rose, que sabia meus crimes, a que eu só lembrava de comunicar o que fazia sofrer! O prato ficou sublime.- Mamãe, este é o da senhora! Não! não passe não!Foi quando ela não pode mais com tanta comoção e principiou chorando. Minha tia também, logo percebendo que o novo prato sublime seria o dela, entrou no refrão das lágrimas. E minha irmã, que jamais viu lágrima sem abrir a torneirinha também, se esparramou no choro. Então principiei dizendo muitos desaforos pra não chorar também, tinha dezenove anos... Diabo de família besta que via peru e chorava! coisas assim. Todos se esforçavam por sorrir, mas agora é que a alegria se tornara impossível. É que o pranto evocara por associação a imagem indesejável de meu pai morto. Meu pai, com sua figura cinzenta, vinha pra sempre estragar nosso Natal, fiquei danado.Bom, principiou-se a comer em silêncio, lutuosos, e o peru estava perfeito. A carne mansa, de um tecido muito tênue boiava fagueira entre os sabores das farofas e do presunto, de vez em quando ferida, inquietada e redesejada, pela intervenção mais violenta da ameixa preta e o estorvo petulante dos pedacinhos de noz. Mas papai sentado ali, gigantesco, incompleto, uma censura, uma chaga, uma incapacidade. E o peru, estava tão gostoso, mamãe por fim sabendo que peru era manjar mesmo digno do Jesusinho nascido.Principiou uma luta baixa entre o peru e o vulto de papai. Imaginei que gabar o peru era fortalecê-lo na luta, e, está claro, eu tomara decididamente o partido do peru. Mas os defuntos têm meios visguentos, muito hipócritas de vencer: nem bem gabei o peru que a imagem de papai cresceu vitoriosa, insuportavelmente obstruidora.- Só falta seu pai...Eu nem comia, nem podia mais gostar daquele peru perfeito, tanto que me interessava aquela luta entre os dois mortos. Cheguei a odiar papai. E nem sei que inspiração genial, de repente me tornou hipócrita e político. Naquele instante que hoje me parece decisivo da nossa família, tomei aparentemente o partido de meu pai. Fingi, triste:- É mesmo... Mas papai, que queria tanto bem a gente, que morreu de tanto trabalhar pra nós, papai lá no céu há de estar contente... (hesitei, mas resolvi não mencionar mais o peru) contente de ver nós todos reunidos em família.E todos principiaram muito calmos, falando de papai. A imagem dele foi diminuindo, diminuindo e virou uma estrelinha brilhante do céu. Agora todos comiam o peru com sensualidade, porque papai fora muito bom, sempre se sacrificara tanto por nós, fora um santo que "vocês, meus filhos, nunca poderão pagar o que devem a seu pai", um santo. Papai virara santo, uma contemplação agradável, uma inestorvável estrelinha do céu. Não prejudicava mais ninguém, puro objeto de contemplação suave. O único morto ali era o peru, dominador, completamente vitorioso.Minha mãe, minha tia, nós, todos alagados de felicidade. Ia escrever "felicidade gustativa", mas não era só isso não. Era uma felicidade maiúscula, um amor de todos, um esquecimento de outros parentescos distraidores do grande amor familiar. E foi, sei que foi aquele primeiro peru comido no recesso da família, o início de um amor novo, reacomodado, mais completo, mais rico e inventivo, mais complacente e cuidadoso de si. Nasceu de então uma felicidade familiar pra nós que, não sou exclusivista, alguns a terão assim grande, porém mais intensa que a nossa me é impossível conceber.Mamãe comeu tanto peru que um momento imaginei, aquilo podia lhe fazer mal. Mas logo pensei: ah, que faça! mesmo que ela morra, mas pelo menos que uma vez na vida coma peru de verdade!A tamanha falta de egoísmo me transportara o nosso infinito amor... Depois vieram umas uvas leves e uns doces, que lá na minha terra levam o nome de "bem-casados". Mas nem mesmo este nome perigoso se associou à lembrança de meu pai, que o peru já convertera em dignidade, em coisa certa, em culto puro de contemplação.Levantamos. Eram quase duas horas, todos alegres, bambeados por duas garrafas de cerveja. Todos iam deitar, dormir ou mexer na cama, pouco importa, porque é bom uma insônia feliz. O diabo é que a Rose, católica antes de ser Rose, prometera me esperar com uma champanha. Pra poder sair, menti, falei que ia a uma festa de amigo, beijei mamãe e pisquei pra ela, modo de contar onde é que ia e fazê-la sofrer seu bocado. As outras duas mulheres beijei sem piscar. E agora, Rose!..."

Fonte: http://www.mundocultural.com.br/index.asp?url=http://www.mundocultural.com.br/literatura1/modernismo/brasil/1_fase/mario_andrade.html

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

SÉRIE IMORTAIS: Vinícius de Moraes - poesias (parte I)

Ao falar de Vinícius de Moraes é praticamente impossível não citar paralelamente outros escritores, poetas, músicos e intérpretes que fizeram parte, direta ou indiretamente, de sua magnífica obra. Em edições anteriores falamos de Pablo Neruda, grande amigo de Vinícius de Moraes.
Em paralelo com essa postagem, que será de algumas poesias de Vinícius de Moraes, publicarei material sobre outro amigo e poeta: Mario de Andrade.

Ausência

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada. "

MORAES, Vinícius de. ANTOLOGIA POÉTICA.


Soneto da separação

"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."

A um passarinho

"Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.
Deixa-te de histórias
Some-te daqui!"

SÉRIE IMORTAIS: Vinícius de Moraes

Por sugestão muito bem feita pela leitora Ana, começarei hoje a SÉRIE IMORTAIS, que tratará de assuntos relacionados com os grandes imortais da literatura e música brasileira, que continuam vivos até hoje nas obras maravilhosas que nos deixaram como legado.
Para abrir a série com chave de ouro, o primeiro imortal, conforme a sugestão da Ana, será o poeta, compositor, intérprete e diplomata brasileiro, Vinícius de Moraes.

Nascido no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913, o poeta veio a falecer na mesma cidade, em 09 de julho de 1980.

Cronologia da Vida e da Obra

1913 - Nasce, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro , no antigo nº 114 (casa já demolida) da rua Lopes Quintas, na Gávea, ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. São seus pais d. Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, este, sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.

1916 - A família muda-se para a rua Voluntários da Pátria, nº 192, em Botafogo, passando a residir com o aos avós paternos, d. Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes.

1917 - Nova mudança para a rua da Passagem, nº 100, ainda em Botafogo, onde nasce seu irmão Helius. Vinicius e sua irmã Lygia entram para a escola primária Afrânio Peixoto, à rua da Matriz.

1919 - Transfere-se para a rua 19 de fevereiro, nº 127.

1920 - Mudança para a rua Real Grandeza, nº130. Primeiras namoradas na escola Afrânio Peixoto. È batizado na maçonaria, por disposição de seu avô materno, cerimônia que lhe causaria grande impressão.

1922 - Última residência em Botafogo, na rua Voluntários da Pátria, nº 195. Impressão de deslumbramento com a exposição do Centenário da Independência do Brasil e de curiosidade com o levante do Forte de Copacabana, devido a uma bomba que explodiu perto de sua casa. Sua família transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, nº 109-A, onde o poeta passa suas férias.

1923 - Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria.

1924 - Inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente. Começa a cantar no coro do colégio, durante a missa de domingo. Liga-se de grande amizade a seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este, sobrinho de Raul Pompéia, com os quais escreve o "épico" escolar, em dez cantos, de inspiração camoniana: os acadêmicos. A partir daí participa sempre das festividades escolares de encerramento do ano letivo, seja cantando, seja atuando nas peças infantis.

1927 - Conhece e torna-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajoz, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do Colégio Santo Inácio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casa de famílias conhecidas.

1928 - Compõe, com os irmãos Tapajoz, "Loura ou morena" e "Canção da noite", que têm grande sucesso popular. Por essa época, namora invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.

1929 - Bacharela-se em Letras, no Santo Inácio. Sua família muda-se da Ilha do Governador para a casa contígua àquela onde nasceu, na rua Lopes Quintas, também já demolida.

1930 - Entra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais" (CAJU), onde se liga de amizade a Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.

1931 - Entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).

1933 - Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial de Reserva.Estimulado por Otávio de Faria, publica seu primeiro livro, O caminho para a distância, na Schimidt Editora.

1935 - Publica Forma e exegese, com o qual ganha o prêmio Felipe d’Oliveira.

1936 - Publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher". Substitui Prudente de Morais Neto, como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica. Conhece Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.

1938 - Publica novos poemas e é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford (Magdalen College), para onde parte em agosto do mesmo ano. Funciona como assistente do programa brasileiro da BBC. Conhece, em casa de Augusto Frederico Schimidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se torna um dos maiores amigos.

1939 - Casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello.Regressa da Inglaterra em fins do mesmo ano, devido à eclosão da II Grande Guerra. Em Lisboa encontra seu amigo Oswald de Andrade com quem viaja para o Brasil.

1940 - Nasce sua primeira filha, Susana.Passa longa temporada em São Paulo, onde se liga de amizade com Mário de Andrade.

1941 - Começa a fazer jornalismo em A Manhã, como crítico cinematográfico e a colaborar no Suplemento Literário ao lado de Rineiro Couto, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo.

1942 - Inicia seu debate sobre cinema silencioso e cinema sonoro, a favor do primeiro, com Ribeiro Couto, e em seguida com a maioria dos escritores brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti. Nasce seu filho Pedro. A convite do então prefeito Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de escritores brasileiros a Belo Horizonte, onde se liga de amizade com Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Hélio Pelegrino e Paulo Mendes Campos. Inicia, com seus amigos Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, a roda literária do Café Vermelhinho, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira, Bruno Giorgi. Freqüenta, nessa época, as domingueiras em casa de Aníbal Machado. Conhece e se torna amigo da escritora Argentina Maria Rosa Oliver, através da qual conhece Gabriela Mistral. Faz uma extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank, a qual muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande amigo.

1943 - Publica suas Cinco elegias, em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria. Ingressa, por concurso, na carreira diplomática.

1944 - Dirige o Suplemento Literário de O Jornal, onde lança, entre outros, Oscar Niemeyer, Pedro Nava, Marcelo Garcia, francisco de Sá Pires, Carlos Leão e Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos, como Carlos Scliar, Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Eros (Martim) Gonçalves, Arpad Czenes e Maria Helena Vieira da Silva.

1945 - Colabora em vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema. Faz amizade com o poeta Pablo Neruda. Sofre um grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro Leonel de Marnier, perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacir Werneck de Castro. Faz crônicas diárias para o jornal Diretrizes.

1946 - Parte para Los Angeles, como vice-cônsul, em seu primeiro posto diplomático. Ali permanece por cinco anos sem voltar ao Brasil. Publica em edição de luxo, ilustrada por Carlos Leão, seu livro, Poemas, sonetos e baladas.

1947 0 Em Los angeles, estuda cinema com Orson Welles e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista Film.

1949 - João Cabral de Melo Neto tira, em sua prensa mensal, em Barcelona, uma edição de cinqüenta exemplares de seu poema "Pátria minha".

1950 - Viagem ao México para visitar seu amigo Pablo Neruda, gravemente enfermo. Ali conhece o pintor David Siqueiros e reencontra seu grande amigo, o pintor Di Cavalcanti. Morre seu pai. Retorno ao brasil.

1951 - Casa-se pela segunda vez com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli. Começa a colaborar no jornal Última Hora, a convite de Samuel Wainer, como cronista diário e posteriormente crítico de cinema.

1952 - Visita, fotografa e filma, com seus primos, Humberto e José Francheschi, as cidades mineiras que compõe o roteiro do Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor que lhe for a encomendado pelo diretor Alberto Cavalcanti. É nomeado delegado junto ao festival de Punta Del Leste, fazendo paralelamente sua cobertura para o Última Hora. Parte logo depois para a Europa, encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no sentido da realização dos Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações do IV Centenário da cidade. Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas Cinco elegias.

1953 - Nasce sua filha Georgiana. Colabora no tablóide semanário Flan, de Última Hora, sob direção de Joel Silveira. Aparece a edição francesa das Cinq élégies, em edição de Pierre Seghers. Liga-se de amizade com o poéta cubano Nicolás Guillén.Compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tú passas por mim". Faz crônicas diárias para o jornal A Vanguarda, a convite de Joel Silveira. Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada.

1954 - Sai a primeira edição de sua Antologia Poética. A revista Anhembi publica sua peça Orfeu da Conceição, premiada no concurso de teatro do IV Centenário do Estado de São Paulo.

1955 -Compões em Paris uma série de canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme Orfeu Negro. No fim do ano vem com ele ao Brasil, por uma curta estada, para conseguir financiamento para a produção da película, o que não consegue, regressando em fins de dezembro a Paris.

1956 -Volta ao Brasil em gozo de licença-prêmio. Nasce sua terceira filha, Luciana. Colabora no quinzenário Para Todos a convite de seu amigo Jorge amado, em cujo primeiro número publica o poema "O operário em construção". Paralelamente aos trabalhos da produção do filme Orfeu Negro, tem o ensejo de encenar sua peça Orfeu da Conceição, no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar. Convida Antônio Carlos Jobim para fazer a música do espetáculo, iniciando com ele a parceria que, logo depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de bossa nova. Retorna ao poste, em Paris, no fim do ano.

1957 - É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No fim do ano é removido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil. Publica a primeira edição de seu Livro de Sonetos, em edição de Livros de Portugal.

1958 - Sofre um grave acidente de automóvel. Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. Sai o LP Canção do Amor Demais, de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa novas, no violão de João Gilberto, que acompanha acantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de Saudade", considerado o marco inicial do movimento.

1959 - Sai o Lp Por Toda Minha Vida, de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno. O filme Orfeu negro ganha a Palme d’Or do Festival de Cannes e o Oscar, de Hollywood, como melhor filme estrangeiro do ano.Aparece o seu livro Novos poemas II. Casa-se sua filha Susana.

1960 - Retorna à Secretaria do Estado das Relações Exteriores. Em novembro, nasce seu neto, Paulo. Sai a segunda edição de sua Antologia Poética, pela Editora de Autor; a edição popular da peça Orfeu da Conceição, pela livraria São José e Recette de Femme et autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff, em edição Seghers, na coleção Autour du Monde.

1961 - Começa a compor com Carlos Lira e Pixinguinha. Aparece Orfeu Negro, em tradução italiana de P.A. Jannini, pela Nuova Academia Editrice, de Milão.

1962 -Começa a compor com Baden Powell, dando inicio à série de afro-sambas, entre os quais, "Berimbau" e "Canto de Ossanha". Compõe, com música de Carlos Lira, as canções de sua comédia-musicada Pobre menina rica. Em agosto, faz seu primeiro show, de larga repercussão, com Antônio Carlos Jobim e João Gilberto, na boate AuBom Gourmet, que daria início aos chamados pocket-shows, e onde foram lançados pela primeira vez grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e o "Samba da bênção"Show com Carlos Lira, na mesma boate, para apresentar Pobre menina rica e onde é lançada a cantora Nara Leão. Compõe com Ari Barroso as últimas canções do grande compositor popular, entre as quais "Rancho das namoradas". Aparece a primeira edição de Para viver um grande amor, pela Editora do Autor, livro de crônicas e poemas.Grava, como cantor, seu disco com a atriz e cantora Odete Lara.

1963 - Começa a compor com Edu Lobo. Casa-se com Nelita Abreu Rocha e parte em posto para Paris, na delegação do Brasil junto a UNESCO.

1964 - Regressa de Paris e colabora com crônicas semanais para a revista Fatos e Fotos, assinando paralelamente crônicas sobre música popular para o Diário Carioca. Começa a compor com Francis Hime. Faz show de grande sucesso com o compositor e cantor Dorival Caymmi, na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto em Cy. Do show é feito um LP.

1965 - Sai Cordélia e o peregrino, em edição do Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura. Ganha o primeiro e o segundo lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell. Parte para Paris e St. Maxime para escrevero roteiro do filme Arrastão, indispondo-se, subseqüentemente, com seu diretor, e retirando suas músicas do filme. De Paris voa para Los Angeles a fim de encontrar-se com seu parceiro Antônio Carlos Jobim. Muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, nº 20. Começa a trabalhar com o diretor Leon Hirszman, do Cinema Novo, no roteiro do filme Garota de Ipanema. Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.

1966 - São feitos documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa, sendo que os dois últimos realizados pelos diretores Gianni Amico e Pierre Kast.Aparece seu livro de crônicas Para uma menina com uma flor pela Editora do Autor.Seu "Samba da bênção", de parceria com Baden Powell, é incluída, em versão de compositor e ator Pierre Barouh, no filme Un homme… une femme, vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano.Participa do jurí do mesmo festival.

1967 - Aparecem, pela Editora Sabiá, a 6ª edição de sua Antologia poética e a 2ª do seu Livro de sonetos (aumentada). É posto à disposição do governo de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto, cidade à qual faz freqüentes viagens. Faz parte do jurí do Festival de Música Jovem, na Bahia. Estréia do filme Garota de Ipanema.

1968 - Falece sua mãe no dia 25 de fevereiro.Aparece a primeira edição de sua Obra poética, pela Companhia José Aguilar Editora. Poemas traduzidos para o italiano por Ungaretti.

1969 - É exonerado do Itamaraty. Casa-se com Cristina Gurjão.

1970 - Casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy. Nasce Maria, sua quarta filha. Início da parceria com Toquinho.

1971 - Muda-se para a Bahia. Viagem para Itália.

1972 - Retorna à Itália com Toquinho onde gravam o LP Per vivere un grande amore.

1973 - Publica "A Pablo Neruda".

1974 - Trabalha no roteiro, não concretizado, do filme Polichinelo.

1975 - Excursiona pela Europa. Grava, com Toquinho, dois discos na Itália.

1976 - Escreve as letras de "Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo. Casa-se com Marta Rodrihues Santamaria.

1977 - Grava um LP em Paris, com Toquinho.S how com Tom, Toquinho e Miúcha, no Canecão.

1978 - Excursiona pela Europa com Toquinho. Casa-se com Gilda de Queirós Mattoso, que conhecera em Paris.

1979 - Leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, a convite do líder sindical Luís Inácio da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

1980 - É operado a 17 de abril, para a instalação de um dreno cerebral. Morre, na manhão de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher. Extraviam-se os originais de seu livro O dever e o haver.

Fontes: http://www.revista.agulha.nom.br/vm.html

http://www.blogoteca.com/upload/bit/arti/71-866-a-vinicius%20copy.jpg

http://www.viniciusdemoraes.com.br/

http://letras.terra.com.br/vinicius-de-moraes/

SÉRIE FELINOS DE GRANDE PORTE - parte II

Tigre (Panthera tigris)
(1,7 m – 2 m; 150 a 190 kg)

Ocorre na Ásia, da Sibéria às ilhas de Borneu e Sumatra, na Indonésia. Habita áreas geladas, florestas úmidas e bosques. Devido à vasta distribuição geográfica, sua alimentação é muito variada. Em geral devora cervos, mas quando estes faltam, alimenta-se até de ursos na Sibéria e bovinos na Índia e Indonésia. Para conseguir bastante alimento, caça dia e noite. Mas, em geral, ele prefere sair durante a noite, quando os veados estão mais ativos. Desta forma, fica mais protegido contra os caçadores.Não podendo correr com rapidez por longas distâncias, o tigre cerca sua presa sem ser percebido. Com suas grandes patas acolchoadas, ele pode rastejar em completo silêncio, até ficar a seis metros da presa. As fêmeas atraem seus parceiros emitindo um rugido. O namoro entre eles nem sempre é violento podendo, às vezes, assumir uma forma muito carinhosa.Apenas a fêmea cuida dos filhotes depois que eles nascem, mas pode acontecer de um macho adulto que acabou de abater sua caça e encontrar com alguns filhotes, mesmo que não sejam seus, ele deixa a cria comer sua caça.

Tigre-da-Sibéria (Panthera tigris altaica)










Curiosidades:

· Considerado um dos mais belos e temíveis animais;
· Dotado de enormes mandíbulas, dentes grandes e afiados, andar macio e fortes garras, esta animal é, acima de tudo, um hábil caçador, imbatível mesmo na captura de grandes presas, que ele derruba com apenas uma simples patada. Mesmo assim, nem sempre é fácil para os tigres encontrarem alimento, principalmente quando estão velhos ou doentes;
· Faminto, o tigre pode atacar também ao homem. Mas isso é mais raro do que se imagina. Os tigres dificilmente atacam seres humanos, e até mesmo fogem ao ver uma pessoa, tendo boas razões para isso: ao longo do tempo pela fama de valentia e coragem que eles representam, bem como pela beleza de sua pele e pelo terror que eles inspiram, os tigres foram caçados impiedosamente pelos homens;
· Com seu porte altivo, solto pela floresta, farejando uma presa com suas artimanhas de caçador ou defendendo seu território, o tigre parece uma fera invencível. Mas, nos últimos 200 anos, ele foi caçado até ser praticamente eliminado das selvas. Hoje está entre os animais com maior risco de extinção;
· Macho e fêmea são muito semelhantes, tanto na cor da pelagem, quando no porte físico, ficando difícil a identificação. Uma forma de identificá-los é verificar a presença ou não de filhotes por perto, já que somente a fêmea cuida das crias;
· Habitavam antigamente quase todo o continente asiático. Muitos deles ocupavam o norte gelado da Ásia, outros viviam nas cordilheiras da Ásia Central e muitos, ainda, habitavam as densas e úmidas florestas do sul. Vivendo em lugares diferentes, desenvolveram-se em várias subespécies, apresentando características diferentes. Embora possam viver em climas e ambientes variados, os tigres não conseguem conviver com o ser humano. Tantos foram os tigres abatidos pelo homem, que duas subespécies já foram extintas: o
tigre-do-Cáspio (Panthera tigris virgata) e o tigre-de-Bali (Panthera tigris balica).

Tigre-de-bengala (Panthera tigris tigris)












Gueopardo (Acinonyx jubatus)
(1,15 m – 1,25 m, 37 – 52 kg)

Conhecido como gueopardo ou chita. O guepardo é um felino atípico, ao qual faltam alguns traços comuns aos demais membros da família, como as garras inteiramente retráteis (Acinonyx significa “garra imóvel” em grego e jubatus é uma referência à pequena “juba” dos filhotes) e caça por meio da velocidade, sem usar táticas de matilha ou emboscada furtiva. É o mais rápido dos animais terrestres e pode atingir 110 km/h. As garras são usadas na corrida para facilitar a aceleração e manobra. Também é um animal muito resistente à seca: pode sobreviver apenas com a água contida no corpo das presas ou comendo melões tsama. São caçadores diurnos e suas presas preferidas são filhotes de gnu e zebras (sempre animais de menos de 40 kg), gazelas, impalas e lebres. A presa é seguida silenciosamente por dez a trinta metros e então caçada a toda velocidade por até 400 metros. A caça geralmente dura menos de um minuto e, se o guepardo falha em abater a presa rapidamente, normalmente prefere desistir a desperdiçar energia. Quando alcança a presa, derruba-a com uma patada (as garras não são suficientemente afiadas para causar dano significativo) e em seguida a estrangula com uma mordida no pescoço. Em média, 50% das caçadas são bem sucedidas. Metade das presas abatidas, porém, costumam ser perdidas para predadores mais fortes – leões, hienas e leopardos. Ao contrário do que ocorre com outros felinos, os guepardos não marcam territórios. As fêmeas evitam-se umas às outras. Os machos às vezes formam grupos de dois ou três membros, quando provêm da mesma ninhada (até 10 a 14 quando não há carnívoros maiores na região). Estima-se que existam hoje 12.400 guepardos na África (principalmente Namíbia, Quênia e Tanzânia) e 100 a 200 no Irã. Provavelmente a espécie evoluiu na África e migrou depois para a Ásia.
Imagens:
http://www.moscowzoo.ru/images/A59_01b.jpg


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Pablo Neruda - Atendendo a pedido

Atendendo a solicitação da leitora Ana, resolvi publicar mais um soneto do poeta chileno Pablo Neruda (infelizmente só tenho a versão em português).

XLV

"Não estejas longe de mim um só dia, porque como,
porque, não sei dizê-lo, é comprido o dia,
e te estarei esperando como nas estações
quando em alguma parte dormitaram os trens.

Não te vás por uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas do desvelo
e talvez toda a fumaça que anda buscando casa
venha matar ainda meu coração perdido.

Ai que não se quebrante tua silhueta na areia,
ai que não voem tuas pálpebras na ausência:
não te vás por um minuto, bem-amada,

porque nesse minuto terás ido tão longe
que eu cruzarei toda a terra perguntando
se voltarás ou se me deixarás morrendo."

Pablo Neruda - parte II

Desta vez postarei alguns sonetos de Pablo Neruda apenas em português, pois infelizmente não consegui as versões em espanhol. Se alguém tiver acesso a estes poemas em espanhol e quiser compartilhá-los, serão muito bem aceitos.
Os sonetos publicados nesta edição são parte integrante do livro Cem Sonetos de Amor, de Pablo Neruda, publicados pela editora L&PM Pocket em 2002.


XXII

"Quantas vezes, amor, te amei sem ver-te e talvez se lembrança,
sem reconhecer teu olhar, sem fitar-te, centaura,
em regiões contrárias, num meio-dia queimante:
era só o aroma dos cereais que amo.

Talvez te vi, te supus ao passar levantando uma taça
em Angola, à luz da lua de junho,
ou eras tu a cintura daquela guitarra
que toquei nas trevas e ressoou como o mar desmedido.

Te amei sem que eu o soubesse, e busquei tua memoria.
Nas casas vazias entrei com lanterna a roubar teu retrato.
Mas eu já não sabia como eras. De repente

enquanto ias comigo te toquei e se deteve minha vida:
diante de meus olhos estavas, regendo-me, e reinas.
Como fogueira nos bosques o fogo é teu reino."


XXV

"Antes de amar-te, amor, nada era meu:
vacilei pelas ruas e as coisas:
nada contava nem tinha nome:
o mundo era do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
tuneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,

tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua beleza e tua probreza
de dádivas encheram o outono."


LXI

"Trouxe o amor sua cauda de dores,
seu longo raio estático de espinhos,
e fechamos os olhos porque nada,
para que nenhuma ferida nos separe.

Não e culpa de teus olhos este pranto:
tuas mãos não cravaram esta espada:
não buscaram teus pés este caminho:
chegou a teu coraçã o mel sombrio.

Quando o amor como uma imensa onda
nos estrelou contra a pedra dura,
nos amassou com uma só farinha,

caiu a dor sobre utro doce rosto
e assim na luz da estação aberta

se consagrou a primavera ferida."

CANCIONEIRO - Fernando Pessoa

Cancioneiro reúne os poemas líricos que o poeta Fernando Pessoa - autor de alguns dos mais belos versos da língua portuguesa - assinou com o próprio nome.
Os poemas que seguem nesta postagem são parte integrante da obra Cancioneiro, publicada pela L&PM Pocket em 2007.

"Leva-me longe, meu suspiro fundo,
Além d que deseja e que cmeça,
Lá muit longe, onde o viver se esqueça
Das formas metafisicas do mundo.

Aí que o meu sentir vago e profundo
O seu lugar exterior conheça,
Aí durma em fim, aí enfim faleça
O cintilar do espírito fecundo.

Aí... mas de que serve imaginar
Regiões onde sonho é verdadeiro
Ou terras para o ser atormentar?

É elevar demais a aspiração,
E, falhando esse sonho derradeiro,
Encontrar mais vazio o coração."

MAR. MANHÃ

"Suavemente grande avança
Cheia de sol a onda do mar;
Pausadamente se balança,
E desce como a descansar.

Tão lenta e longa que parece
De uma criança de Titã
O glauco seio que adormece,
Arfando à brisa da manhã.

Parece ser um ente apenas
Este correr da onda do mar,
Como uma cobra que em serenas
Dobras se alongue a colear.

Unido e vasto e interminável
No são sossego azul do sol,
Arfa com um mover-se estável
O oceano ébrio de arrebol.

E a minha sensação e nula,
Quer de prazer, quer de pensar...
Ébria de alheia a mim ondula
Na onda lúcida do mar."
(16/11/1909)

Titã - cada um dos gigantes que, segundo a mitologia, quiseram escalar o céu e destronar Júpiter;
Glauco - verde-mar;
Arrebol - vermelhidão da aurora ou do sol-posto.

"Quem bate à minha porta
Tão insistentemente
Saberá que está morta
A alma que em mim sente?

Saberá que eu a velo
Desde que a noite é entrada
Com o vácuo e vão desvelo
De quem não vela nada?

Saberá que estou surdo?
Por que o sabe ou não sabe,
E assim bate, ermo e absurdo,
Até que o mundo acabe?"

(23/05/1932)

"Cansa sentir quand se pensa.
No ar da noite a madrugar
Há uma solidão imensa
Que tem por corpo o frio do ar.

Neste momento insone e triste
Em que não sei quem hei-de ser,
Pesa-me o informe real que existe
Na noite antes de amanhecer.

Tudo isto me parece tudo.
E é uma noite a ter um fim
Um negro astral silêncio surdo
E não poder viver assim.

(Tudo isto me parece tudo.
Mas noite, frio, negror sem fim,
Mundo mudo, silêncio mudo -
Ah, nada é isto, nada é assim!)"

(09/11/1932)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

SÉRIE FELINOS DE GRANDE PORTE - parte I

Por sugestão de um ouvinte do site Gengibre, continuarei falando sobre a família Felidae, porém de espécies de grande porte. Essa "série" vai funcionar da mesma maneira que ocorreu com os Felinos do Rio Grande do Sul. Serão postadas informações sobre duas espécies a cada dia, começando pelos leopardos e leões.

GRANDES FELINOS

Leões, tigres, jaguares ou onças-pintadas e leopardos, são alguns dos representantes mais belos da fauna terrestre. Habitam grande parte do planeta, o norte do Circulo Polar Ártico às florestas tropicais úmidas.
São animais fascinantes devido a sua beleza, força, agilidade e coragem. Por causa dessas características, costuma-se incluir nessa classificação todos os felinos de grande porte, mas isso constitui um engano. Animais como o gueopardo, o leopardo-das-neves, leopardo-nebuloso, o leão-da-montanha ou a onça-parda, apesar do tamanho e da ferocidade, não fazem parte do grupo dos grandes felinos. Para os zoólogos, eles pertencem ao grupo dos pequenos felinos, pois não rugem, como fazem o leão, o jaguar, o tigre e o leopardo propriamente dito. Nos grandes felinos, o aparelho hióide é formado por cartilagens e não por ossos. Por isso, a língua e a laringe são frouxamente ligadas à base do crânio, ampliando os sons emitidos pelo animal.


Leopardo (Panthera pardus)
(Cerca de 1,50 m; até 60 kg)

Conhecido popularmente por leopardo ou pantera. Vive numa grande extensão do continente africano e em toda a parte meridional da Ásia, da Turquia à China, no Sri-Lanka e arquipélago de Sonda, na Indonésia, onde é muito comum o leopardo-negro (ou pantera-negra). Por viver em ambientes muito diversos, a alimentação do leopardo é também muito variada. Em geral suas presas são animais de tamanho médio como antílopes, cervos, macacos e cães.
Ágil trepador, o leopardo passa a maior parte do tempo no topo das árvores, descansando, dormindo ou comendo sua presa. Em geral, prefere arrastá-la para lá, livrando-se, assim, da tarefa de dividí-la com os outros animais, ou evitar a cobiça de predadores como o leão (Panthera leo) e a Hiena, seus principais concorrentes. Os leopardos-negros (panteras-negras) vivem sobretudo em matas densas e sombrias, onde se ocultam com mais facilidade. Já nos campos e savanas predominam as espécies de cores claras, que se confundem com o ambiente.
A diminuição do número de leopardos tem como causa principal a caça desenfreada, motivada pelo alto valor comercial de sua pele.











(leopardo-negro)



Leão (Panthera leo)

Os leões se diferem dos outros felinos em vários aspectos. Enquanto todos os demais levam uma vida solitária durante a maior parte do tempo e caçam freqüentemente sozinhos, os leões vivem em bandos com cerca de 35 animais, entre machos e fêmeas. Além disso, ao contrário dos outros felinos, os leões não possuem listras nem manchas na pelagem.
Tigres, leopardos e onças-pintadas vivem em florestas e pântanos e os leões africanos preferem grandes espaços abertos. Talvez a sobrevivência em planícies abertas tenha forçado esses animais a adotar um modo particular de viver e caçar.


Curiosidades:

* O rugido de um leão é ouvido a mais de 8 quilômetros de distância;

* Somente os machos têm jubas, formadas de pêlos longos, cuja cor varia do marrom claro ao escuro;

* Eles passam a maior parte do dia repousando à sombra das árvores. Por isso costuma-se dizer que o leão e o animal mais preguiçoso da África;

* Em geral, nascem quatro filhotes em cada ninhada. Quando os leões são pequenos, sua pelagem tem manchas pretas, que depois desaparecem;

* Os machos velhos são abandonados pelo grupo, dando lugar aos leões jovens. Fracos e incapazes de abater animais velozes, eles começam a atacar as pessoas;

* Sob a proteção dos adultos, os filhotes treinam para caçar, aproximando-se silenciosamente uns dos outros;

* Os leões da Ásia e da África são muito parecidos. Os asiáticos não têm jubas menores, como se pensava. Nas duas espécies elas podem ser longas ou curtas;

* A hora de devorar a presa é o único momento em que os membros do bando se agridem mutuamente. Os animais lutam ferozmente pela posse do alimento. Os leões adultos abocanham, de uma só vez, 18 quilos de carne;

* Somente os leões, entre os grandes felinos, caçam em bandos. Um leão sozinho consegue agarrar apenas um em cada 12 animais, enquanto em grupos são bem-sucedidos em quatro de doze tentativas. A caçada compete sobretudo às fêmeas, que cercam a presa e a encurralam. Os machos entram apenas como força auxiliar, embora sejam os primeiros a se apoderar da caça.

Imagens:
Bibliografia: OS BICHOS - Editora Nova Cultural