A raça humana precisa do seu planeta. Dele dependemos totalmente, uma vez que a partir dele evoluímos, e apenas existimos por cortesia do auto-sustentável Sistema Terra. A Terra é única, não só no Sistema Solar mas, tanto quanto sabemos, no universo acessível. Não é só o único planeta que temos - é também o único planeta vivo que conhecemos. A Terra fornece várias riquezas, sobre as quais temos muito mais a aprender - à medida que novas técnicas de pesquisa aparecem. Quanto mais aprendemos, mais compreendemos que, para a sobrevivência da Terra, devemos cuidar dela como cuidamos de nossos próprios filhos.
Tradicionalmente, os geocientistas estudam as rochas e os solos da Terra, tentando compreender a história do planeta e a sua estrutura. Tentam decifrar, a partir dos registros nas rochas, tudo o que aconteceu no passado, desde a origem do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos. Procuram compreender os processos que criaram os minerais e as rochas, como os hidrocarbonetos e os metais, mas também como se formaram os solos, e mesmo a própria vida. Tendo como base esses dados, podem compreender a idade do mundo e da vida, e perceber como é recente o momento a partir do qual os seres humanos passaram a existir.Os geocientistas estão continuamente descobrindo e produzindo conhecimento de que todos nós desesperadamente necessitamos. Todas as matérias-primas de que a humanidade precisa e muito da energia que consome provêm da Terra - e são esses cientistas que as descobrem. Com seus trabalhos de investigação fundamental e aplicada, eles constituem hoje a maior base de dados que já existiu a respeito do passado e do presente da Terra. Sobre esses cientistas recai também a grande responsabilidade de manter o Sistema Terra em funcionamento, garantindo a sobrevivência da humanidade - e da própria vida. Por essa razão, as atividades que interferem no equilíbrio desse delicado sistema devem ser uma preocupação global para nós. As ciências da Terra estão, assim, na vanguarda da compreensão de como o Sistema Terra funciona e na promoção de políticas de segurança - exemplificadas pela Cúpula de Johannesburgo (2002) e pelo trabalho do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU) na Cúpula Mundial sobre a Sociedade de Informação (2002).Hoje em dia, o trabalho dos geocientistas consegue abarcar todas as interações entre terra, vida, água e ar na construção de todo o Sistema Terra. Assim, as ciências da Terra não apenas procuram explicar o passado do planeta, mas também ajudam a prever e a gerir seu futuro. Ao longo da história da Terra, muitos animais e plantas tornaram-se elementos geológicos - basta pensar na Grande Barreira de Coral ou nos depósitos mundiais de carvão. O homem constitui geologicamente, talvez, a espécie mais determinante de todas.Em seus trabalhos, os geocientistas continuamente descobrem e produzem conhecimento de que todos nós desesperadamente precisamos. Por exemplo, o homem atualmente move mais materiais na superfície terrestre do que todos os agentes erosivos naturais. Entretanto, nossa espécie está esgotando o solo, a água e os recursos combustíveis, causando inundações e secas, produzindo resíduos e gases que causam o efeito estufa - perturbando, assim, o equilíbrio dinâmico do planeta. Contudo, para oferecer à crescente população um futuro seguro e próspero, são necessárias pesquisas mais intensas por nutrientes, energia, água, minérios e materiais de construção.Esses recursos continuam a ser descobertos à medida que os cientistas desenvolvem seu conhecimento. Até agora, todas as previsões de esgotamento de tais recursos provaram estar erradas. Ainda não existe nenhuma razão para acreditar que a Terra não continuará a suprir nossas necessidades - desde que administremos esses recursos devidamente.Como podemos explorar e nos beneficiar dos recursos do planeta sem perturbar o correto funcionamento do Sistema Terra? Precisamos integrar nosso conhecimento sobre os diferentes subsistemas terrestres...
A ajuda preciosa dos satélites
Funcionários cuidam da manutenção de um dique, item essencial na vida da Holanda.
A ameaça das marés
Acima, estação do metrô de Paris, exemplo de estrutura subterrânea segura.
Águas subterrâneas A água é um recurso fundamental. Embora 70% da superfície da Terra esteja coberta de água, apenas 2,5% corresponde a água doce, da qual grande parte está em glaciares e calotas polares. Isso deixa apenas 0,26% da água do planeta disponível para manter a humanidade. Quase 90% dessa fração encontra-se armazenada nos vazios existentes nas rochas sob a superfície. A maior parte da água subterrânea começa como chuva que penetra no solo e fica armazenada nas rochas permeáveis, ou aqüíferos. A necessidade crescente de água por parte da população e as várias atividades que a poluem impõem sérias ameaças a essa água. Além disso, tal como o povo de Bangladesh descobriu, nem toda a água subterrânea é potável.
ALÉM DE ENCONTRAR e explorar as riquezas da crosta, os cientistas também tornam possível a construção de grandes estruturas na superfície. Cerca de 70% da população mundial vive nas áreas costeiras - em solos arenosos, argilosos e lamacentos ao nível do mar. O conhecimento dos geocientistas é essencial para a construção de cidades, indústrias e barragens. Hoje em dia, à medida que a população urbana cresce, os engenheiros geotécnicos ajudam a construir estruturas subterrâneas seguras, como o túnel sob o Canal da Mancha, os metrôs de Paris ou Londres ou a linha ferroviária de alta velocidade de Tóquio.Num futuro próximo, o homem usará cada vez mais o subsolo para viver, viajar e armazenar, e por razões ambientais. Para isso, será necessário um melhor conhecimento da resposta do Sistema Terra a todas estas transformações. A subsidência (em meteorologia, a propriedade de uma massa de ar que baixa, fazendo a área de sua superfície aumentar, como ocorre no interior de um ciclone) devido à exploração de minas, o rebaixamento do nível de água subterrânea por extração excessiva ou a sismicidade induzida pela exploração de gás natural são alguns dos exemplos de como as atividades humanas podem causar efeitos adversos para os quais devemos estar preparados.
Autores: dr. Ted Nield (Geological Society of London), com prof. Edward Derbyshire, a partir de um trabalho original dos doutores Henk Leenaers (Netherlands Institute of Applied Geoscience TNO) e Henk Schalke.
PARA SABER MAIS Site:
==> Matéria publicada no site http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/431/artigo99206-1.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário