terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Pablo Neruda - Cem Sonetos de Amor

Já foram publicados materiais sobre o poeta português Fernando Pessoa, uma dica de leitura e breve biografia do escritor gaúcho Erico Verissimo, e agora chegou a vez de outro poeta que eu gosto muito e que é um dos maiores poetas de nossos tempos: o chileno Pablo Neruda.
Lembrando que o foco do blog é divulgar a cultura e ciência (incluindo meio ambiente, tecnologia e tudo que seja relacionado à vida) do Brasil, porém, teremos exceções de âmbito internacional, como já ocorreu com o material de Fernando Pessoa e agora com Pablo Neruda, que terão seu espaço garantido aqui.
Sugestões de poetas, poetisas, poemas, músicas, músicos, escritores, livros, crônicas e informações culturais de qualquer lugar do Brasil (e mundo) serão muito bem-vindas (cultura_brasileira@hotmail.com).



PABLO NERUDA

O poeta chileno Pablo Neruda (1904 - 1973) foi, sem dúvida, uma das vozes mais altas da poesia mundial do nosso tempo. Ao mesmo tempo, o poeta, engajado nas causas da libertdade, o exilado, o resistente, é protagonista de uma das aventuras mais expressivas da lírica em língua castelhana. Seus poemas de amor - e estes Cem Sonetos de Amor são um dos seus legados mais perfeitos - emocinaram e emocionam várias gerações. Poeta admirado internacionalmente (é personagem do filme O Carteiro e o Poeta), recebeu a consagração definitiva com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1971.

Abaixo vocês poderão apreciar dois dos Cem Sonetos de Amor, versões em espanhol, seguidas da tradução para o português.
XVII

"No te amo como si fueras rosa de sal, topacio
o flecha de claveles que peopagan el fuego:
te amo como se aman ciertas cosas oscuras,
secretamente, entre la sombra y el alma.

Te amo como la planta que no florece y lleva
dentro de si, escondida, la luz de aquellas flores,
y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo
el apretado aroma que ascendio de la tierra.

Te amo sin saber como, ni cuando, no de donde,
te amo directamente sin problemas ni orgullo:
asi te amo perque no se amar de otra manera,

sino asi de este modo en que no soy ni eres,
tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mia,
tan cerca que si cierran tus ojos con mi sueno."

Tradução:

"Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho."

LXVI

"No te quiero sino porque te quiero
y de quererte a no quererte llego
y de espararte cuando no te espero
pasa mi corazon del frio al fuego.

Te quiero solo porque a ti te quiero,
te odio sin fin, y odiandote te ruego,
y la medida de mi amor viajero
es no verte y amarte como un ciego.

Tal vez consumira la luz de enero,
su rayo cruel, mi corazon entero,
robandome la llave del sosiego.

En esta historia solo yo me muero
y morire de amor porque te quiero,
porque te quiero, amor, a sangre y fuego."
Tradução
"Não te quer senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor a sangue e fogo."

Fonte das versões em espanhol: http://www.mtholyoke.edu/~htschofi/nerudaes.htm
Fonte das versões em português: NERUDA, Pablo. Cem Sonetos de Amor. Tradução de Carlos Nejar - Porto Alegre: L&PM, 2002.
Imagem: http://www.museosdemexico.org/img/fotos_evento/Homenaje_Sept%208_Bibl_%20PABLO%20NERUDA.jpg

Um comentário:

Carina disse...

Dos poucos poemas do Pablo Neruda que eu já li, não há até agora um que eu não tenha gostado!!Pois ele foi um excelente escritor!!